Presidente do CFMV publica artigo sobre a importância da doação de sangue entre animais.
17 de outubro de 2014 - O presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), dr. Benedito Fortes de Arruda, publicou um artigo sobre doação de sangue entre animais na edição de outubro da revista Cães e Cia. Confira:
A doação de sangue entre animais é uma necessidade bem mais frequente do que muitos possam imaginar. Assim como os seres humanos, os animais também se deparam com situações inesperadas, como um atropelamento, ou são acometidos por doenças, como o câncer ou a verminose grave, cujo tratamento depende principalmente da transfusão sanguínea.
É comum encontrar donos de animais de estimação que nunca pensaram em seus pets como potenciais doadores; não por não reconhecerem a importância do ato, mas, muitas vezes, porque jamais pensaram no assunto, já que seus pets nunca precisaram de doação. Por isso, é importante ressaltar: a transfusão de sangue é, em muitos casos, o limiar entre a vida e a morte de um animal. As hemoparasitoses, como a doença do carrapato, e os procedimentos cirúrgicos com perda sanguínea aguda são as principais ocorrências que demandam reposição.
A doação é um ato relativamente simples. Não requer mais de 15 minutos e não proporciona sofrimento ao animal, desde que o procedimento seja realizado por médico-veterinário nas condições e nos ambientes tecnicamente ideais. O mesmo deve ser observado para a transfusão. Esta é, aliás, uma das exigências mais importantes: a realização de qualquer um dos dois procedimentos pelo médico-veterinário, já que ele é o único profissional com capacidade técnica para avaliar a aptidão do doador, para colher o sangue e para aplicar o sedativo – nos casos em que houver necessidade – e para realizar a transfusão sanguínea.
Como a doação entre animais ainda não se tornou uma prática comum, os bancos de sangue nem sempre têm material disponível para o momento em que o animal precisar. No caso dos cães, há 13 tipos diferentes de sangue, o que significa dificuldade maior para encontrar um doador compatível. Assim, para quem nunca havia pensado antes na hipótese de fazer de seu pet um doador, faço a seguinte consideração: quanto mais doadores houver, maior será a variedade de tipos sanguíneos disponíveis e a possibilidade de uma vida animal ser salva.
Nem todo animal pode ser doador. Há diversos pré-requisitos a serem observados, como o histórico de saúde, a condição física, o peso, o temperamento dócil, a vacinação em dia, a idade, a vermifugação etc. Além disso, a cada doação, o animal deve passar por uma bateria de exames clínicos e laboratoriais, como hemograma, avaliação renal e hepática e testes específicos para detecção de doenças que podem ser transmitidas pela transfusão sanguínea.
Procure o médico-veterinário de seu animal de estimação e converse com ele sobre o assunto, tendo em mente que, além de todas as considerações que acabo de fazer, a doação de sangue trata-se também de um ato de solidariedade. (Por Benedito Fortes de Arruda, médico-veterinário e presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária)
Assessoria de Comunicação do CFMV