É surreal de lindo. Os ipês somam quase 500 mil pés no DF

11 de julho de 2016 -  Embora Brasília tenha sido planejada, nem de longe seria possível prever a beleza que os ipês trariam à cidade no período de floração. Dos traçados da nova Capital, um ficou de fora: o traço de afetividade que o brasiliense rabiscou em si mesmo, criando laços firmes com as árvores que fazem suspirar. São roxos, amarelos, rosas, brancos e até verdes.

Um ipê florido, sozinho ou em grupo, é poesia natural a qualquer vista. Quando mostram o colorido, a grama já não está mais tão verde. As folhas caem. Sombra, nem pensar. Se não servem mais para esconder as nossas cabeças do sol, servem para encher os olhos e provocar suspiros. São mudas que começam como versos simples e crescem até se tornar longas estrofes. Métrica não existe. É um maior que o outro mesmo. E chegam a 40, 50 metros. Imponentes. Impressionantes. Impactantes.

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O número de ipês espalhados pelo DF é muito maior do que a população de algumas regiões administrativas. Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil, Novacap, existem cerca de 500 mil ipês na Capital e arredores. Para uma população que está perto dos três milhões de habitantes, é praticamente como se houvesse um ipê para cada grupo de seis brasilienses. 

Os primeiros a darem sinal de floração são os roxos. Em maio, tornam-se as verdadeiras atrações da cidade. As 150 mil árvores de Ipê Roxo exibem belas flores. Quando finda o período, as flores dão lugar aos frutos, que secam depois de um tempo, e as sementes são dispersadas pelo meio ambiente. É quando as folhas verdes começam a aparecer novamente.

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Os amarelos são os mais conhecidos e os mais populosos, surgem normalmente em agosto. São 180 mil e florescem tão logo os roxos se vão. Cada árvore pode ser apenas de uma cor. Então, não existe substituição da cor, mas, sim, uma troca no período em que cada um floresce. Circular pelo Eixão é apreciar dezenas deles que, enfileirados, formam uma onda amarela pela via.

Logo depois vêm os Ipês Rosas. São, aproximadamente, cem mil distribuídos pelas asas de Brasília e bairros próximos. Aparecem em agosto e estão entre os preferidos do brasiliense. Os brancos, mais raros, chegam a 70 mil em setembro, cenário escolhido para muitas fotos. Por fim, existe também a cor que poucos conhecem: os Ipês Verdes. Eles são menos de 1% do total de árvores da espécie. Juntos, somam 500 Ipês Verdes e são os últimos a florescer, em outubro.

Engana-se quem pensa que os Ipês são típicos de Brasília. Há espécies espalhadas por todo o Brasil, já que cada bioma tem o seu nativo. Porém, mais errado ainda está quem só os vê como ornamento. Além de enfeitar as cidades, servem como plantas medicinais. Fora isso, atraem insetos não só para a polinização como também para o consumo dos frutos verdes.

Devido às tantas espécies, os ipês podem ser plantados em vários lugares, sejam eles grandes ou pequenos. Tem até quem os faça como bonsai. Em relação às outras arvores, florescem cedo. Depois de plantados, levam cerca de cinco anos para a primeira floração, o que é considerado um tempo curto. Há também uma série de fatores que favorecem a plantação dessas mudas no DF: os solos são profundos, o clima é ameno – embora a seca seja acentuada, o período chuvoso também é, compensando ambas temperaturas.
 

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A principal atividade biológica deles é a reprodução. O fruto seca, abre, a semente é alada; o vento bate, as sementes voam longe. Tudo estratégia. Com isso, germinam em áreas mais distantes. As folhas que caem formam matéria orgânica, alimentam o solo e são importantes para os ciclos biológicos. O período em que exibem suas flores não passa de 15 dias. Começam a perder as cores lentamente e, depois, só no ano seguinte. E assim eles completam o ciclo. Se o céu é o mar de Brasília, os ipês são os corais. Decoram e dão identidade a toda a imensidão de verde e concreto. Desfrutá-los durante uma caminhada, atentos às flores caídas ou suspensas, é fatal para fazer qualquer coração vibrar. 

Área de Gestão da Comunicação com informações da GPS Brasília