Conheça alguns projetos culturais na Cidade Estrutural que precisam de apoio

28 de agosto de 2017 - Às margens do maior lixão a céu aberto da América Latina, diversas crianças entram em uma modesta construção. Sobre o muro, uma placa indica: Associação Viver — serviço de convivência e fortalecimento de vínculos para crianças e adolescentes. Enquanto isso, os pais se dirigem à entrada do aterro voltada aos catadores, a não mais que 20m de distância da instituição. Na placa, a imagem de duas crianças felizes brincando. No muro ao lado, os dizeres “(é) lixo, mas pode chamar de emprego, oportunidade, sustento e dignidade”.

A Cidade Estrutural teve sua população originada de um chamariz distinto. O setor habitacional surgiu da procura por melhores condições de vida pelos catadores de lixo, atraídos pela proximidades do aterro sanitário do DF. Contudo, mesmo décadas depois de seu nascimento, e prestes de ter o Lixão desativado, a população ainda sofre com o abandono.

No ano passado, a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) mostrou que a Estrutural ainda é a cidade com a população mais pobre em todo DF, com renda familiar média de R$ 2.004 e renda per capita de R$ 521,80 —  menos de um salário mínimo. E pior: a pesquisa revelou que quase metade da população começou, mas não terminou o ensino fundamental.

É nesse cenário que se estabeleceram organizações sociais e culturais como a Associação Viver, que há 20 anos cuida de mais de 300 crianças em situação de vulnerabilidade social. Elas atuam dando uma opção para as crianças que antes passavam o tempo do contraturno escolar revirando o lixo, à procura de recicláveis. Em vez disso, hoje elas podem participar de atividades esportivas e culturais, como aulas de flauta e violão.

Segundo Patrícia Oliveira Campos, pedagoga que atua no projeto, a ação da organização tem se mostrado essencial no combate ao trabalho infantil. “Aqui nós temos, por exemplo, três crianças, irmãos, que moram só com o pai, porque a mãe foi assassinada há alguns anos. Como o pai trabalha no Lixão, eles acabam ficando sem muito cuidado”, conta.

Outras organizações da região também atuam de forma semelhante. É o caso das ONGs Tia Angelina e do Coletivo da Cidade, formado há seis anos por Coracy Coelho Savant e outros 15 voluntários. “A educação é essencial para o desenvolvimento humano e, aqui na Estrutural, há um índice altíssimo de evasão escolar muito ligada ao trabalho infantil”, lamenta Coracy. A organização tenta driblar essa realidade unindo profissionais e projetos de diversas áreas em em prol da defesa das crianças e adolescentes.


Problemas financeiros

Atrás dos portões do Instituto Reciclando Sons, cerca de 20 pessoas ensaiavam uma peça musical cheia de referências brasileiras, obra do compositor brasileiro Marcos Leite. Logo ao lado, numa pequena sala onde os instrumentos são guardados, duas alunas treinavam fraseados sonoro nos violoncelos. Conjugado ao salão principal, uma área de estudos, com estantes repletas de livros didáticos. O ambiente ainda conta com uma sala de aula, um escritório e uma cozinha, onde as quatro refeições oferecidas aos alunos são preparadas. Tudo isso em uma área de apenas 170 metros quadrados.

Apesar da versatilidade do ambiente impressionar, esse racionamento não é o ideal. Há dias em que até 80 alunos têm aula ao mesmo tempo, conta Rejane. “Uma vez por mês fazemos uma apresentação e uma conversa com a comunidade para entender suas necessidades. O espaço fica muito cheio, não tem condições de receber tantas pessoas”. De acordo com a fundadora, a instituição não tem recursos suficientes para uma expansão. Por isso, faz campanha de financiamento coletivo para custear a construção de uma nova sede.

Outras instituições também têm enfrentado desafios para sobreviver e precisam traçar estratégias de captação de recursos. No Coletivo da Cidade, por exemplo, todo o dinheiro vem de doações, bazares beneficentes e também de campanhas online de financiamento coletivo. A pedagoga Patrícia Oliveira conta que atividades como o futebol e o balé, antes oferecidos na instituição, ficaram prejudicadas por falta de voluntários que oferecessem os serviços.


Conheça, ajude!

Confira as instituições que atuam na região e saiba como ajudar

Coletivo da Cidade
Atividades no contraturno escolar para crianças e adolescentes, acompanhamento de saúde
Como participar: Pelo CRAS ou direto na instituição
Como ajudar: participar do financiamento coletivo (http://www.benfeitoria.com/coletivodacidade) ou participação como voluntário
Endereço: Quadra 3, Conjunto 11, Área Especial 2, Estrutural
Telefone: 3465-6351

Associação Viver
Atividades no contraturno escolar para crianças e adolescentes, jiu-jitsu e música
Como participar: Pelo CRAS
Como ajudar: Doações ou voluntariado.
Endereço: Quadra 15, Conjunto C, Setor Oeste, Estrutural
Telefone: 3361-9357

Centro Social Comunitário Tia Angelina —
Polo Tia Nair
Creche e atividades no contraturno escolar
Como participar: Inscrição pelo CRAS
Como ajudar: Doações em dinheiro, alimentos, roupas e equipamentos de informática. Aceitam voluntários
Telefone: 3465-4696
Endereço: Quadra 1, Conjunto 10, Lote 9, Setor Norte, Estrutural

Instituto Superar
Reforço escolar e aulas de jiu-jitsu.
Como participar: Ir até o projeto ou procurar o CRAS
Como ajudar: doações pelo site do projeto. Aceitam voluntários
Telefone: 99872-2526
Endereço: Quadra 05, Conjunto 16, Lote 14, Setor Oeste, Estrutural

Projeto Educar Dançando
Aulas de dança para crianças e adolescentes
Como ajudar: a organização procura por patrocínios para o transporte das crianças da Estrutural
Telefone: 99988-8400
Endereço: SCRN 706/707, Edifício Emosa, Apt° 301, Asa Norte

Reciclando Sons
Aulas de música clássica para a comunidade carente
Como participar: Procurar a instituição
Como ajudar: Doações, financiamento coletivo e voluntariado
Telefone: 3363-0036
Quadra 2 conjunto 6 lote 2, Setor Leste, Estrutural

Creche da Nazaré
Atendem crianças de até 5 anos enquanto os pais trabalham no aterro.
Como participar: procurar diretamente a instituição
Como ajudar: Doações de roupas, alimentos ou em dinheiro. Aceitam voluntários
Endereço: Quadra 17, Conjunto 5, Casa 180, Setor de Chácaras Santa Luzia, Estrutural
Telefone: 98551-7099/ 98631-9247

Associação Educar, Amar
Atividades no contraturno escolar. Reforço escolar, aulas de inglês, capoeira. Educação para jovens e adultos voltada aos pais durante a noite.
Como participar: inscrições diretamente no projeto
Como ajudar: Doações de alimentos ou em dinheiro. Aceitam voluntários
Endereço: Rua SL 28, Quadra 42, Lote 18, Setor de Chácaras Santa Luzia, Estrutural
Telefone: 994042525
Fábrica Social
Realização de cursos profissionalizantes voltados à população em estado de vulnerabilidade social
Como participar: Estar inscrito no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal e ligar no 0800-6459445

Programa Caminhos da Cidadania
Grupos de trabalho com os jovens de 15 a 17 anos com temas como convivência e participação social e formação profissional. Os alunos participantes recebem bolsa de R$ 190 durante um ano.
Como participar: Estar inscrito no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal e ligar no 0800-6459445

Projeto Escola Compartilhada
Palestras, exames de saúde e práticas esportivas no ambiente escolar durante o fim-de-semana
Como participar: Atividades abertas ao público

CRAS
Quadra 5 Área especial 2. Setor Oeste
Inscrições terças e sextas-feiras, das 9h às 16h30
Creche da Nazaré — Santa Luzia, Estrutural

Área de Gestão da Comunicação com informações do Correio Braziliense