Viagem de férias de última hora nem sempre custa mais caro

04 de dezembro de 2017 -  Planejamento. É esta a porta de embarque para quem decidiu viajar de férias na última hora. Ao determinar exatamente quanto pode gastar, o viajante deve começar uma ampla pesquisa de preços, com olhos atentos a promoções. Ter datas flexíveis para fazer o roteiro escolhido, considerar um destino para reduzir custos e optar por hotéis que dão hospedagem gratuita a crianças no mesmo quarto dos pais são opções para garantir os dias de descanso sem pagar mais.
— Se a oportunidade de viajar surgiu em cima da hora, não significa que a pessoa está em desvantagem e vai pagar obrigatoriamente mais do que quem se planejou antes. Ela pode conseguir ótimas barganhas em promoções de última hora ou optando por destinos em período de baixa demanda, quando as tarifas são menores. O importante é redobrar a atenção aos custos — ensina Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira FGV.

O GLOBO ouviu especialistas em finanças e turismo para ajudar o turista de oportunidade a planejar sua viagem sem necessariamente gastar mais. Veja o passo a passo a seguir.

1 - Casar o destino com o orçamento

De início, o viajante deve escolher um destino, determinar o número de dias que gostaria de passar lá e levantar os gastos com hospedagem, passagem ou aluguel de carro, alimentação, compras eventuais, ingressos e passeios. Se o resultado não se encaixar no orçamento, diz Teixeira, é preciso adaptar. Nos casos mais extremos, pode ser preciso escolher outro destino.

Em geral, basta adaptar o roteiro encurtando a estadia, escolhendo hospedagem de uma categoria mais econômica ou alterando a data de ida e de volta para conseguir bilhetes aéreos de menor valor, por exemplo. Sites de buscas de viagens são ferramenta farta na internet — Mundi, Voopter, Decolar.com, Kayak e Tripadvisor entre eles — e garantem agilidade na hora de definir o custo das férias. O Kayak, por exemplo, tem uma ferramenta que permite fazer a busca do destino pelo preço que a pessoa pode gastar.

Outro caminho é usar a pontuação do cartão de crédito, lembra Viviane Pio, gerente de apoio às vendas da operadora de turismo CVC:

— Sugiro resgatar milhas de cartão de crédito e trocar por serviços avulsos, como bilhetes aéreos, hospedagem ou locação de carros, ou combine tudo num pacote de viagem, como já é oferecido por alguns programas de pontuação.

2 - Reservar passagem, hotel e carro em separado ou comprar um pacote?

Reservar item a item do roteiro pode demandar mais tempo de pesquisa e ponderação. Os pacotes oferecidos por empresas de turismo podem vir com um conjunto de serviços: hotel, bilhete aéreo, passeios, ingressos.

— É um formato mais organizado e o viajante não precisa correr atrás de nada. É mais prático, mas não significa que é mais barato — diz o professor da FGV.

Os pacotes, contudo, têm opções na prateleira de promoções, com saldões que podem carimbar a viagem de férias do consumidor. Ele pode também buscar roteiros com voos fretados, lembra Viviane, da CVC, que costumam ter preços atrativos.

Na hora de escolher em separado é preciso cautela com os custos não incluídos nos preços anunciados. Taxas que incidem sobre passagem aérea e hospedagem são um exemplo. No caso de uma viagem em família, a soma dessas taxas pode salgar o preço. Quem viaja com os pequenos pode procurar hotéis que não cobram diárias para crianças instaladas no mesmo quarto que os pais. Em alguns casos, empresas de turismo conseguem esse benefício com hotéis parceiros. A economia pode ser de até R$ 1.000 no pacote para uma família de dois adultos e duas crianças, destaca Viviane.

3 - Longe ou perto de casa?

Com a crise, o brasileiro passou a viajar mais pelo Brasil, num esforço para encaixar as férias no bolso apertado pela recessão. Levantamento sobre os 20 destinos mais buscados para viagens em famílias neste mês de julho no Kayak mostra que os sete primeiros ficam no país. Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Recife (PE) lideram a pesquisa. Um pacote de dez dias para uma família com dois adultos e duas crianças, incluindo passagens e hospedagem, custa R$ 4.937 para a capital cearense e R$ 3.971 e R$ 5.515, respectivamente, para as outras duas cidades do Nordeste.

— No ano passado, o número de destinos internacionais entre os dez mais buscados no site caiu de 8 para 5, em média — conta Eduardo Fleury, presidente do Kayak no Brasil.

Entre os destinos internacionais em alta, de acordo com o buscador de viagens, estão Miami (EUA), com pacotes com preço médio de R$ 19.795; Orlando (EUA), a R$ 17.959, e Cancún (México), a R$ 16.584.

Mesmo um curso de idiomas no exterior pode ser comprado pelos viajantes retardatários. Países como África do Sul, Argentina e Canadá ainda aceitam matrículas para este mês. Um curso de espanhol em Buenos Aires, com duração de uma semana, incluindo as aulas, hospedagem e matrícula, sai a R$ 2 mil, com a CVC.

4 - Como pagar a viagem e como comprar moeda estrangeira?

O pagamento da viagem é um quesito em que o viajante atrasado pode ficar em desvantagem. A saída é barganhar descontos à vista, diz a gerente da CVC.

— Quem tem o dinheiro em mãos deve tentar negociar uma redução para quitar à vista. Se não, é possível parcelar os pagamentos de compras feitas por meio dos sites e de empresas de viagens — ensina Ricardo Teixeira.

A compra de moeda estrangeira também arrisca custar mais caro.

— O melhor é comprar moeda estrangeira por meses antes da viagem, para ter um preço médio da moeda mais vantajoso. De última hora, o viajante compra pelo melhor câmbio disponível naquele momento. E deve ainda planejar o quanto e como levar dinheiro na viagem — diz o professor da FGV.

A recomendação é ter uma quantia reduzida em espécie, pelo risco oferecido, já que a soma pode ser roubada ou perdida sem possibilidade de ressarcimento. O cartão pré-pago, avalia Teixeira, é uma forma de escapar à oscilação do câmbio no retorno da viagem e de pagar taxas menos caras que as do cartão de crédito, que também deve ser levado nas férias.

5 - Seguros de viagem

Ao partir em viagem, o consumidor deve se informar previamente sobre exigências relativas à contratação de seguros de saúde e assistenciais por alguns países. E saber como proceder em caso de uma emergência ou necessidade de atendimento médico.

— É importante ter um seguro de viagem ou de saúde quando se está fora do país. Para quem viaja com um pacote, o mais indicado é comprar o produto indicado pela empresa de viagens, que ajudará a resolver qualquer emergência. Quem viaja por conta própria pode optar pelo seguro do cartão de crédito ou produtos ligados a sua rede de contatos. Por fim, há os especializados de mercado. Também é preciso comparar preços — recomenda Teixeira. 

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