“Este livro é a soma de cada pessoa que torceu por ele!”

Em depoimento, jornalista produtora do livro dos 50 anos do CFMV conta sobre a experiência 

Quando recebi a missão de entrevistar 50 médicos-veterinários e de escrever seus depoimentos neste livro, pensei: é mais um trabalho e vou realizá-lo com o mesmo profissionalismo dos outros.

Me enganei. Saio desse trabalho transformada.

Olhar para 50 pessoas nos olhos, desculpe a redundância, e receber de presente um pouco de suas histórias, lembranças, fé, amor pela família e pela profissão, me renovou. Me lembrou por que gosto de gente e acredito que as pessoas são o que há de melhor no mundo.

Tivemos dias difíceis, sim, corridos, viajando sem parar por várias cidades do Brasil. Mas quando chegávamos numa casa e o entrevistado nos recebia com um sorriso no rosto, um café quentinho, um suco de cajá, um pão delícia, um pão de queijo mineiro ou biscoitinhos, eu pensava: eles estão abrindo a casa e a alma para a gente.

Sim. Porque tal como Dom Quixote, tive um fiel escudeiro nessa jornada: o fotógrafo Gilberto Soares, ou Giba, para os amigos. Se eu trouxe a emoção e as palavras para este livro, Giba trouxe a arte, a luz, a magia. Assim como eu, ele também se transformou nessa jornada ao conhecer todos os entrevistados.

Preciso agradecer aos homenageados por toda palavra, cada lembrança partilhada comigo. Gostaria de agradecer também pela disponibilidade de cada pessoa retratada neste livro na hora da produção das fotos: pelo tempo dispensado, pela paciência, pela superação da timidez, pela entrega e troca com o fotógrafo.

Chorei ao saber da chegada do doutor Saliem ao Brasil, bem menino; com o amor do doutor José Renato pela profissão; com a luta do doutor Amilson por sua vida; com as tatuagens do doutor Bacha.

Chorei também com a superação da doutora Erivânia após um grave acidente; com a sensibilidade do doutor Moacir ao falar da família, bem humilde; com a relação do doutor Wanderson com o avô; e com a emoção do doutor Visintin ao lembrar dos pais na roça.

Sim. Roça! Porque muitos dos entrevistados despertaram seu amor pela Medicina Veterinária no cuidado com os animais, passando bezerro pelo curral, tratando os cavalos, tocando os bois, alimentando as galinhas, na lida, como eles mesmos contaram. Com os pés descalços na terra e o olhar no horizonte, sem imaginar que futuro teriam.

Ri com o doutor Valney de Elvis; com a figura calorosa (e cheirosa) do doutor Geraldo; com a música “Arlette Canivete, põe no fogo e não derrete. Pois na brasa derreteu, ai que raiva me deu”; com a alegria de muitos dos entrevistados ao falarem de suas experiências como professores ou de seus netos e netas.

Ah! E o que falar do doutor Milton? Ele me mostrou como continuar jovem, ágil, generoso e afetuoso aos 103 anos de idade.

Poderia citar aqui mais de uma coisa que me marcou na conversa com TODOS os homenageados, mas isso é assunto para um próximo livro.

Reafirmei com essa experiência minha convicção de que as pessoas devem trabalhar com o que gostam, pois assim, mesmo nos dias difíceis, se sentirão em paz.

Conhecendo os 50 entrevistados, e preciso reforçar que neste caso não houve exceção, descobri o amor dos médicos-veterinários pela profissão. Cinquenta, não: 51! Porque recebi também a missão de escrever o perfil do editorial do doutor Francisco de Almeida, presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e descobri que ele foi criado, juntamente com treze irmãos, na roça.

O que mais reforcei com este livro? A certeza de que a vida é feita de ciclos, que todos nós temos as nossas batalhas e que vale a pena tratar os outros com gentileza e generosidade, porque assim fazemos um mundo melhor, e que o trabalho, principalmente quando feito com amor, traz dignidade e felicidade às pessoas.

Também descobri o leque de atividades que a Medicina Veterinária abrange. Perdoem minha ignorância, sabia pouco sobre a atuação tão abrangente dos médicos-veterinários. Como cidadã, agora me sinto mais segura ao ver que tenho esses profissionais por trás da produção dos alimentos de origem animal, no cuidado com os animais, em pesquisas inovadoras, na prevenção de doenças, e em outras tantas ações. E, com isso, aprendi mais sobre o conceito de Saúde Única.

Queria agradecer a quem nos ajudou nesta jornada: Rodrigo e sua simpatia em nos levar para algumas produções de fotos, e até quem não está no livro, mas fez questão de nos acolher para um pernoite em um hospital veterinário (mas isso é história de bastidores), não é, doutor Edson?

Porque este livro não é só resultado do trabalho da Marta, do Gilberto, do Fernando, que fez de forma especial o projeto gráfico; da Melissa, que coordenou para que tudo andasse no tempo certo e com a qualidade que desejávamos; ou da Flávia, que teve a ideia do livro baseado em depoimentos. Este livro é a soma de cada pessoa que torceu por ele, que ajudou, que acreditou, como a Marcela, que nos convidou para este projeto.

Se este livro tivesse uma trilha sonora, certamente seria a música “Trem Bala”, da cantora Ana Vilela.

“Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo e também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo em todas as situações.

Boa leitura!

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Marta Moraes
Jornalista